quinta-feira, 17 de maio de 2012

Sol e Lua


   Sempre ouvi as pessoas fazerem comparações entre o sol e a lua como sendo o homem e a mulher respectivamente, mas no nosso caso era diferente. Ela que era o sol, sempre iluminando o meu dia e me dando a vontade louca de tirar a roupa pra que me banhasse todo com o seu calor, era ela que me fazia ficar alegre quando eu conseguia encontrá-la depois de um dia cinza e chuvoso, ou mesmo o que me esquentava num dia frio de inverno.

   Mas com o tempo notei que esse sentimento era unilateral, e que pra ela eu não passava de uma lua simples que dependia da sua luz pra brilhar, esse sentimento de rejeição no começo simples foi se tornando cada vez mais claro, e me tornando amargo por dentro, digamos que eu me concentrava somente no lado escuro da lua.

   Eu pensava, por que ela continua comigo se não me queria mais? por que forçar uma situação que já não deixava ninguém mais satisfeito?

   Mas da minha parte, terminar a relação, jamais, por que apesar do desprezo e da amargura eu ainda tinha vontade de sentir de novo o calor de outrora, e essa esperança era o único raio de luz que de tão ínfimo se perdia na escuridão do meu lado sombrio, mas que mesmo assim fazia com que eu me agarrasse a ele.

   Só que notei que isso já estava me matando, outros vinham me perguntar porque eu estava tão ruim, tentando me mostrar que apesar disso eu ainda tinha possibilidades de felicidade, queriam que eu visse que o sol não é a única estrela no universo, e que com certeza não seria a única a querer brilhar pra mim.

   No começo eu me revoltava com todos que vinham me dizer essas coisas, ficava bravo e saia de perto, demorei a notar que estava ficando isolado e saindo da órbita da minha própria vida, quando finalmente tinha tomado a decisão de terminar com esse apego inútil e sair de novo pra vida, não em busca de uma nova estrela pra orbitar, mas sim em busca de me tornar algo maior, talvez meu próprio planeta, o meu sol chegou e resolveu terminar de cortar as relações, o sol ao invés de me consumir resolveu me libertar.

   No mesmo instante a sensação de alívio se misturou com a de revolta, logo depois essas sensações se misturaram novamente com um sentimento de abandono que achoo que vai ainda demorar muito pra sumir, sei que foi algo que me fez bem, só que talvez eu tenha tido meu ego ofendido por ter sido o sol a nos separar, e não eu que tenha resolvido sumir no espaço.

   Depois de tantas metáforas e sofrimentos que essa história me causou, percebi que só o tempo pode me aliviar desse sofrimento e que talvez, num futuro, eu consiga encontrar outro sol pra orbitar, ou talvez eu mesmo me tornar o sol de alguém, só que mesmo conseguindo um outro astro pra mim, eu descobri que prefiro viver num eterno eclipse que voltar a depender tão fortemente de um sol.

Um comentário:

  1. Abel, você escreve muito bem, cara!
    Realmente, devemos ser o nosso próprio Sol. Gostar primeiro de você, para depois se dedicar a outra pessoa.

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